Arbitragem Bracarense

Uniformidade é a principal palavra transmitida aos juízes presentes no 18.º Curso Introdutório para Árbitros Internacionais, que decorre em Benalmádena, no Sul de Espanha.

Avaliar os contactos físicos
Essa mensagem foi passada de forma clara a árbitros e preparadores físicos presentes no terceiro dia do curso, que começou com um "workshop" sobre a correcta análise dos contactos físicos. Vlado Sajn, membro do Comité de Arbitragem da UEFA, apresentou uma série de vídeos com desarmes na disputa de bola e os árbitros receberam indicações sobre como tomar as suas decisões da forma mais uniforme possível.

"Esquecer as diferenças"
"Estamos aqui para ajudar a eliminar as diferenças e atingir o mais alto nível possível de uniformidade", referiu Sajn. "Peço-vos que esqueçam as diferenças na aplicação das leis nos vossos países. As vossas decisões serão observadas e analisadas e as inconsistências serão facilmente identificadas e difíceis de justificar perante jogadores, treinadores, comunicação social e espectadores".

Sajn enunciou os seguintes critérios que os árbitros devem ter em conta no ajuizar de desarmes faltosos: a direcção dos pés e o uso de pitons; a velocidade e intensidade; o elemento de intenção ou maldade; a possibilidade do jogador em chegar à bola; e o colocar ou não em risco a integridade física do adversário. E acrescentou: "Todos vocês têm um papel determinante no que toca a trazer maior consistência e uniformidade ao futebol europeu".

A UEFA exige altos níveis de forma física aos novos árbitros e Werner Helsen, membro do Painel de Instrutores de Árbitros da UEFA, espera que os esforços desenvolvidos esta semana na realização do Teste Físico da FIFA sirvam como "uma ponte para futuras actuações dentro do terreno de jogo". Trinta e dois dos 37 participantes passaram no teste, que decorreu no Estádio de Arroyo de la Miel, em Benalmádena, esta Terça-Feira, sendo que os cinco árbitros que não o superaram terão nova oportunidade de o tentar fazer em Nice, França, no próximo mês.

O teste compreendeu duas partes: uma série de seis "sprints" de 40 metros em menos de 6,20 segundos cada, seguida de uma série de 20 corridas intervaladas de velocidade de 150 metros, cada uma com um limite de 30 segundos. Entre cada uma dessas corridas, que no seu todo correspondem a dez voltas a um estádio, foram realizadas caminhadas de recuperação de 50 metros em 35 segundos. Cada árbitro colocou um aparelho de monitorização do ritmo cardíaco, para ajudar na percepção da sua performance e, Quarta-Feira, recebeu um perfil individual do seu teste físico. "Vou regressar para fornecer conselhos de treino baseados nesses resultados", explicou Helsen que, na próxima semana, vai delinear programas de treino específicos, feitos à medida de cada árbitro.

Elevada amplitude de resultados
Sobre as performances dos árbitros, Helsen salientou que "há espaço para progredir nos arranques e na técnica de corrida", e destacou a amplitude dos resultados apresentados pelos novos juízes, oriundos de 28 países diferentes. "Quando comparamos o tempo médio dos "sprints" dos novos árbitros internacionais com o dos árbitros de elite, constatamos que são idênticos (5,6s). Os árbitros de elite são mais velhos, pelo que, por um lado, seria de esperar mais dos novos internacionais. A maior parte deles estiveram muito bem, mas a amplitude de resultados, quer nos "sprints", quer nas corridas, foi bastante grande e espero que, no futuro, seja possível reduzir essas diferenças".

Para tal, vai ser fundamental o programa de treinos da UEFA. "Presumo que em algumas federações os árbitros tenham menos apoios do que noutras", referiu Helsen. A partir deste ano, a UEFA vai trabalhar em maior proximidade com as federações através do Programa de Assistência à Arbitragem da FIFA, que oferece apoio no treino físico e conselhos aos preparadores físicos dos árbitros a nível nacional.